domingo, 26 de agosto de 2018
O CAMINHO DO ÊXODO.
A igreja nunca esconde as dificuldades de um caminho de fé nem apaga as realidades mais obscuras das suas páginas.
O caminho do Êxodo é tudo menos linear, bem como o caminho dos discípulos nos Evangelhos. Porem, diante das realidades mais tortuosas ou diante das dúvidas mais terríveis, o nosso coração impõe uma resposta. Sabendo a dificuldade que o povo teve de se manter fiel à aliança, Josué exige uma resposta relativamente:
«Longe de nós abandonar-mos o Senhor para servir outros deuses» É uma afirmação corajosa, mas a experiência humana que é uma afirmação tantas vezes falhada.A idolatria , a tentação de endeusar outras realidades apodera-se da forma velada, escondendo-se por detrás de uma religiosidade arcaica e pensar pouco profunda. Basta pensar como para tantos pessoas o cristianismo é mera convenção social, uma questão cultural e de tradição, tantas vezes misturada com a superstição ou uma "crença" demasiada vaga para ser fé autêntica! como não ter outros deuses quando o único Deus tem um lugar e um tempo tão curtos na vida, nos critérios e nas opções das pessoas? Como professar a fé num mundo ditado pelo relativismo que privilegia o livre arbítrio e não procura discernir com os critérios evangélicos? Por tudo isto: Qual o papel de Deus na minha vida?
Creio que hoje nos distanciamos de um regime de cristandade em que ser português significa ser católico, ou em que se nasce naturalmente cristão. O nosso mundo, tantas vezes adverso à proposta e aos valores cristãos, á não aceita facilmente um mundo cristianizado. É porque estamos neste mundo, a Escritura convida-nos a uma convicta e profunda profissão de fé:a reconhecer o que Deus fez e faz por nós e a decidirmos-nos por Ele. Diante dos desafios nem sempre por parte da mensagem evangélica ( já alguns discípulos questionavam: «Estas palavras são duras. Quem pode escuta-las?»).e quando a opção pela desistência e pela resignação se afigura como a via mais acessível, ainda hoje Jesus pergunta: «Também vós quereis ir embora?»É verdade que há desígnios que não compreendemos, desafios difíceis de concretizar, sonhos que nos parecem impossíveis. Ma apesar de tudo, existe alguma alternativa melhor? Conhecemos alguma realidade que apresente um horizonte de eternidade ou conduza mais facilmente à do que a proposta de Jesus? É óbvio que o caminho de Jesus, o caminho da cruz, não é um caminho fácil; mas é seguramente um caminho fiável. Na vida da fé aprendemos que felicidade nem sempre rima com facilidade, e o próprio testemunho de Jesus mostra que a ressurreição não abdica da experiência da morte. É mesmo nessa experiência dramática da vida humana ( a fadiga, o sofrimento a solidão, a amargura ou a morte) que vemos como palavras, de Jesus são «espírito e vida»,transportadoras de uma esperança real e não só teórica. Por isso, cada um de nós deve fazer das palavras de São Pedro as suas:« Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna». Convém estarmos conscientes destas palavras e não nos iludirmos pelas
primeiras promessas de felicidade que nos surjam, como sucede com as seitas. A nós não devem «atrair» as ofertas gratuitas de cura ou de bem-estar quase sem esforço aparente, a oferta cristã é uma mensagem que diz respeito a este mundo, mas que aponta essencialmente para um outro. E num mundo carregado de tragédias humanas, é bom saber que na Igreja e em Jesus encontramos estas «palavras de vida eterna» que nos fazem encontrar um sentido pleno para a existência humana.
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