segunda-feira, 21 de maio de 2018

                     
                     DIA DE PENTECOSTES
O Espírito Santo surge como promessa nos discursos de Jesus,sobretudo no Evangelho de São João. e como realidade no Livro dos Actos dos Apóstolos (também designado como o Evangelho do Espírito Santo). Desde cedo a Igreja percebeu que era movida por uma realidade sobrenatural que a superava, mas pelo qual se deixava conduzir; era a presença do Ressuscitado, manifestação invisível, mas que se tornava visível nas obras que  confirmavam tal acção divina.  E porque só os olhos da fé conseguem captar tal realidade, os autores sagrados sempre tiveram alguma dificuldade em descrever o modo como essa manifestação divina se efectua.

São Lucas ousa fazê-lo nos Atos dos Apóstolos, com o recurso as imagens e as categorias conhecidas das teofanias do Antigo Testamento.
Vento e línguas de fogo são elementos veterotestamentários aplicados ao Espírito: o Espírito (ou vento, visto que a palavra hebraica ruah pode ter ambos os significados) que pairava sobre as águas aquando da criação; e as línguas de fogo que, segundo uma tradição judaíca acerca do Sinai, representa a palavra de Deus comunicada à Humanidade até então conhecida ( que naquele tempo seria 70 povos) e que pela sua maternidade se tornaram inteligíveis. Os efeitos que estas línguas de fogo provocavam nos Apóstolos confirmam esta teoria, já que surgem a falar várias línguas e a fazer-se perceber mesmo aos de terras mais longínquas ( seriam provavelmente, judeus da diáspora).
O Pentecostes é por isso, a celebração da universalidade da Igreja, da sua intrínseca natureza católica e inclusiva, que não conhece qualquer tipo de barreiras e fronteiras. O particularismo judaico é esbatido e o mundo assiste a uma verdadeira «nova criação», que a imagem do próprio vento suscita.
Mas mais do que afirmar quem é o Espírito Santo, as leituras pretendem sobretudo veicular quais os efeitos e consequências. São essas notas que se a presentam de forma sintética:
O Espírito Santo derruba barreiras linguísticas e étnicas, porque se apoia na linguagem do amor.
A possibilidade de falar em várias línguas não tem apenas que ver com uma questão linguística, mas de atitude - aquela de quem se quer fazer compreender e que, por isso, tenta  adequar a sua linguagem e o seu discurso ao destinatário, não impondo mas propondo:

O Espírito dinamiza a vida da Igreja suscitando dons e carismas para a edificação do Corpo de Cristo.
  São Paulo ensina-nos,a vivermos a unidade na diversidade, a aceitar-mos a diferença e a complementaridade de cada baptizado, no sentido da colaboração mútua e do objectivo comum.
Nesse sentido, não há serviços maiores e menores, membros inferiores e superiores, mas papeis diversos no cumprimento da missão eclesial. Deste modo, o Pentecostes assume-se como a resposta de Deus à Torre de Babel, e a dispersão e a confusão lançadas por Deus visavam quebrar a uniformidade como modo de vida. A pluralidade é um bem, quando vivida na unidade e comunhão de quem tolera e respeita o outro ( seu irmão):
O Espírito Santo cria e recria a Humanidade através do perdão. O sopro de Jesus no Evangelho de São João recorda o sopro de Deus sobre Adão - estamos diante de uma Humanidade redimida e recriada em Jesus. O Espírito Santo actuante na Igreja, de forma particular nos seus sacramentos, regenera a debilidade das criaturas e restitui, mediante a Reconciliação, a condição de «imagem e semelhança de Deus» Que o ser humano vê desfigurada sempre que peca. Para que a vida surja é necessário que a morte seja removida, e o Espírito Santo é o único a ter, hoje a possibilidade de o fazer.
 

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