PAI TENHO FOME…

Ricardinho e o pai Carlos, sentaram-se  enfrente a uma padaria, o menino não aguentou o cheiro bom do pão e falou: Pai tenho fome!!! O pai, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo à procura de um trabalho, olha para o filho com os olhos cheios de lagrimas, e pede mais um pouco de paciência. Mas pai! Disse o menino quase a chorar, desde ontem que não comemos nada, eu estou com fome, pai!!! Envergonhado, triste e humilhado, o Carlos pede ao filho para aguardar mais um pouco enquanto entra na padaria. Ao entrar dirige-se a um homem que estava ao balcão. Meu senhor, estou com o meu filho de apenas 6 anos que tem muita fome, não tenho dinheiro nenhum para lhe comprar um pão, pois saí cedo de casa, à procura de emprego e nada encontrei. Eu peço-lhe em nome de Jesus, que me forneça um pão para que eu possa matar a fome a meu filho, em troca posso varrer o chão do seu estabelecimento, lavar pratos, copos ou outro serviço que o senhor precise. António, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo mas com muito sofrimento, a pedir comida em troca de trabalho. António diz-lhe: chama teu filho! Ele pega no filho pela mão, e apresenta-o a António, que imediatamente com os dois se senta junto do balcão, onde manda servir dois pratos de comida: arroz, feijão bife e ovo. Para o menino era um sonho, comer após tantas horas na rua. Para o pai do menino, uma dor a mais, já que ao comer aquela comida maravilhosa, fazia-o lembrar da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um pouco de farinha. Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira grafada. A satisfação de ver seu filho a devorar aquele prato de comida como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança da sua família em casa, foi demais para o seu coração tão cansado de mais de dois anos de desemprego, humilhações e necessidades. António aproxima-se de Carlos e apercebe-se da sua emoção, brinca com ele para que este se relaxe. Ó Maria a sua comida deve estar muito má…Olha o meu amigo até está a chorar de tristeza deste bife que parece sola de sapato! Imediatamente Carlos disse a sorrir, que nunca comeu comida tão boa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer. António pede então que ele sossegue o coração, que coma em paz, e depois falariam de trabalho. António resolve então contratar Carlos para trabalhar na padaria; faz para  Carlos uma cesta com alimentos básicos para ele levar para casa que dava para quinze dias. Carlos com lágrimas nos olhos agradece aquele homem, e marca para o dia seguinte o início de seu trabalho. Ao chegar a casa com toda aquela fartura, Carlos é um novo homem cheio de esperança, ele sentia que Deus lhe estava abrir uma porta para dias melhores. No dia seguinte às cinco da manhã Carlos estava à porta da padaria ansioso por iniciar o seu novo trabalho. António chega a beira de Carlos a sorrir, pois nem ele sabia porque é que o estava ajudar. Os dois tinham a mesma idade com histórias de vidas diferentes, mas algo lhe dizia que tinha que ajudar aquele homem. Ele não se enganou, durante um ano Carlos foi o mais dedicado trabalhador, sempre honesto e extremamente zeloso. António abre uma escola para adultos e faz questão que Carlos fosse estudar. Passados alguns anos, Carlos era Advogado com seu escritório aberto a clientela de pessoas com fracos recursos. Criou uma Instituição que seu filho geria para ajudar pessoas que andavam pelas ruas sem emprego e com carências de vários tipos. Servia 200 refeições ao almoço todos os dias, precisamente no sítio aonde o amigo lhe matou a fome e a seu filho. A amizade daqueles dois homens a todos impressionava. Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que à mesma hora com um sorriso nos lábios com a certeza do dever cumprido. Nada acontece por acaso.

Esta história de vida, é uma de tantas em que Deus Pai se faz presente num dos seus filhos, para que assim possa ajudar aqueles que mais precisam. Nada acontece  por acaso! Em Deus não há coincidências mas sim providências.

Que Deus abençoe todos aqueles que trabalham para o bem comum.